quinta-feira, 9 de junho de 2011

"Too Lost in You" - 9º capítulo!


Boas leituras ;)

9º capítulo

Porque nem tudo é um mar de rosas

POV Bella Swan

A segunda feira amanheceu fria e chuvosa. O dia estava taciturno, triste, e um arrepio inexplicável percorreu o meu corpo, algo no fundo do meu ser me dizia que hoje era um daqueles dias em que eu simplesmente não me deveria levantar da cama.

Ignorando o meu pressentimento de que o dia não seria nada bom, levantei-me corajosamente da cama e antes de mais nada lavei o rosto com água fria. Eu não estava com muito boa cara, apesar de ter tido uma longa noite sem sonhos esta tinha sido um pouco atribulada. Depois de fazer a minha higiene pessoal desci as escadas para comer alguma coisa, embora tivesse pouquíssimo apetite; eu nunca costumava acordar com muita fome, mas hoje o meu estômago estava embrulhado, assolado por um certo desconforto. A casa estava vazia, os meus pais já deviam ter saído, o Emmet ainda devia estar a dormir. Mal cheguei à cozinha vi que afinal o Emmet também já tinha saído de casa, ele tinha deixado um bilhete em cima da mesa.

Bells, já saí, desculpa não ter avisado, não quis te acordar. Fui buscar a Rose para irmos juntos para a escola… Deseja-me boa sorte maninha! Ah, tens como ir para a escola, certo? De qualquer maneira se por qualquer razão o Edward não te puder vir buscar liga-me que eu venho logo!

Sorri comigo mesma. Apesar de qualquer coisa Emmet tinha sempre em atenção as minhas necessidades, eu adorava toda a protecção e cuidado que recebia por parte do meu irmão. Amornei o leite e bebi-o rapidamente, subindo logo em seguida.

Depois de lavar os dentes fui procurar uma roupa quentinha para vestir, afinal o dia de hoje pedia isso. Enquanto abria o guarda roupa o telemóvel vibrou, corri ansiosamente para pegá-lo, afinal de contas quase de certeza que era uma mensagem do Edward.

"Bom dia pequenina. Dormiste bem? Espero que sim.. Estou agora a sair de casa e a ir para aí. Beijinho grande, amo-te"

Eu adorava toda esta ternura por parte de Edward… Apressei-me a vestir-me e a escolher a roupa, não queria que ele ficasse à minha espera. Vesti umas jeans quentinhas, uma camisola de manga comprida e um casaco aconchegante. Entretanto ouvi a buzina do volvo e corri para ir ter com o Edward. Não o via desde sábado e isso parecia uma eternidade. Assegurei-me que tinha fechado bem a porta e fui para o carro.

- Bom dia. – saudei-o, debruçando-me para o beijar, a boca carnuda de Edward recebeu-me com carinho e doçura, enquanto os seus braços me envolviam. Ficamos a beijar-nos por momentos imensuráveis, tentando suprimir toda a falta que tínhamos sentido um do outro.

- Bom dia pequenina. – murmurou no meu ouvido, ligando depois o carro.

O trajecto até à escola não foi demorado, o Edward conduzia rapidamente, e o único som que se fazia ouvir dentro do volvo era a música que estava a dar na rádio. Depois de chegarmos à escola o Edward, como sempre, abriu-me a porta e entrelaçou as nossas mãos. Apesar da nossa chegada à escola já não causar tanto impacto continuávamos a ser alvo de muitos olhares e comentários, às vezes perguntava-me se o facto de estarmos juntos era assim tão irrisório.

Encontramos-nos no portão com o resto do pessoal e eu notei toda a cumplicidade que rondava o Emmet e a Rose, algo me dizia que falava pouquíssimo para que finalmente eles se assumissem, a afeição do Emm pela Rose era tão evidente, transbordava no seu olhar.

A minha primeira aula, tal como para a Alice, seria Inglês. Despedimo-nos do Edward e do Jasper, respectivamente, e fomos para a sala. Como eu tinha facilidade nesta disciplina dei-me ao luxo de estar distraída hoje, parecia-me impossível prestar atenção ao que quer que fosse que estava a ser dito. Alice ao meu lado fazia desenhinhos no caderno, ela odiava Inglês, por isso a sua atenção à aula também era nula. Entre divagações e bonequinhos rabiscados no caderno a aula finalmente passou, agora teria Química, com o Jasper, e teria que fazer um esforço sobrenatural para estar minimamente atenta, uma vez que eu não era tão boa a Química como a Inglês. A aula até acabou mais cedo do que eu esperava, como acabei por me envolver na matéria o tempo não custou tanto tempo a passar.

Agora seria Filosofia, a última aula antes do almoço, onde estaria com o meu Edward, à tarde teria Educação Física – que seria com ele – e depois a nossa aula particular.

Mal entrei na sala fui para o meu lugar do costume, tirei as minhas coisas da mochila, o professor ainda não tinha chegado e enquanto isso eu fazia mais dos meus gatafunhos no caderno.

- Bom dia boneca. – Mike Newton falou pertinho do meu ouvido. A sua voz tão próxima provocou-me um desconforto enorme.

- Bom dia. – respondi seca, na esperança que ele finalmente percebesse que a última coisa que eu queria era conversar com ele, ou ter qualquer tipo de afinidade.

- Foi bom o fim de semana, princesa? – eu detestava o modo como ele falava comigo, cada palavra sua parecia pontuada de escárnio, malícia, desdém.

- Muito. – continuei com as respostas curtas, sem me importar em retribuir a pergunta. Contudo, ele parecia não perceber o quão soava para mim repulsiva a conversa, pois continuava. Onde será que se meteu o professor? Acho que nunca estive tão ansiosa por uma aula de Filosofia.

- Sabes, eu estranhei a tua ausência na sexta… - lançou para o ar, os seus olhos tinham um certo brilho de maldade.

- Ahn? – perguntei. Ele parecia escolher cuidadosamente o que iria dizer, o modo mais maldoso de o fazer, o seu olhar cravados em mim.

- Não achas normal querermos a pessoa amada ao nosso lado em celebrações Isabella? E pelo que me lembro Edward sempre gostou de boas comemorações… – os seus olhos cínicos brilhavam.

- Ah? Do que é que estás a falar? – perguntei tentando mostrar desinteresse e indiferença, no entanto eu estava temerosa, algo me dizia que algo de mau vinha por aí.

- Bella Bella, és nova aqui, mas é impossível que ainda não tenhas ouvido falar das corridas de carros aqui em Seattle, não é? – De imediato vieram-me à cabeça todas as notícias que eu já tinha lido sobre as corridas ilegais que ocorriam aqui.

- E? – eu implorava mentalmente para que o que ele diria a seguir não fosse o que eu estava a pensar.

- E? Não me digas que nãos sabe que o teu querido Edward é o melhor corredor da cidade? Sabias não sabias gata? Afinal, numa relação não devem existir segredos, estou certo? – insinuou, cada palavra proferida com o intuito de magoar.

- O modo como eu e Edward encaramos a nossa relação não te diz o mínimo respeito, Mike. E agora, por favor, eu quero prestar atenção à aula, caso não tenhas reparado o professor acabou de chegar. - respondi-lhe, com toda a frieza que consegui reunir, vinda de uma coragem que eu nem sabia que tinha.

Eu sentia que a minha fachada de indiferença se podia desmoronar a cada momento. Eu sentia-me apática, mil e um pensamentos bombardeavam simultaneamente a minha mente. O Edward envolvido nas corridas ilegais? Talvez não passasse de uma invenção de Mike, da sua mente ferina. Não, pára de te enganar Bella! Eu podia sentir que o que ele disse era verdade, que o Edward estava realmente metido nisso. Se não a que se deveria toda a sua apreensão em dizer o que tinha feito naquela noite? Por que é que a Alice se mostrou tão contrariada com relação a isso? Eu tentava processar todas estas informações, mas quanto mais pensava acerca disso mais a dor que o Mike tinha aberto em mim se alastrava. Era como se eu tivesse entrado numa dimensão paralela, isolada por todo aquele sofrimento. Eu não conseguia encontrar um motivo plausível para Edward envolver-se numa coisa dessas, algo ainda por cima ilegal. Ele tinha noção que arriscava a vida todas as vezes que entrava no carro para ir para essas malditas disputas? Ele percebia que podia ser apanhado pela polícia? Que algum dia aquilo podia acabar mal? E porque é que ele tinha escondido aquilo de mim? Foi um fosso criado entre nós…

A mágoa e angústia corroíam-me, e eu não fazia a mínima ideia de como confrontá-lo. Era tudo tão novo para mim, e esta situação parecia tão inusitada…

Nem notei a aula passar, quando olhei para o relógio vi que faltavam uns cinco minutos para a aula acabar. Fui logo arrumando as minhas coisas, eu sabia que à saída Edward estaria à minha espera para irmos juntos para o refeitório, mas eu queria protelar um pouco o nosso confronto. Mal tocou saí apressadamente da sala, ainda não sabia para onde ia, mas como a cobarde que sou a única coisa que queria era fugir do mundo.

POV Alice Cullen

Já estava no refeitório com a Rose e o meu Jazz há algum tempo e nada do resto do pessoal aparecer. Se tivessem desaparecido só o Edward e a Bella eu até poderia pensar que estavam a fazer sacanices juntos, mas a ausência do Emmet fez-me descartar essa opção.

- Jazz, tiveste aula com o Edward, não sabes onde ele se meteu? – perguntei ao meu amorzinho.

- Não Alice, ele só falou que ia buscar a Bella à sala, como sempre faz. – respondeu, dando-me depois um beijinho.

Hummm… Que estranho isto, já tinha tocado há mais de meia hora…

- Rose, sabes onde o Emmet se meteu? – indaguei, podia ser que o grandalhão lhe tivesse dito algo.

- Não sei Alice, nós tivemos aula juntos e estávamos a vir para aqui, mas então o telemóvel dele tocou e ele disse que precisava ir urgentemente, não sei de mais nada. – disse, visivelmente preocupada. Hummm, isto estava cada vez mais estranho.

Fui mordiscando o meu almoço até que vi o Edward a vir para a nossa mesa, com um semblante, no mínimo, preocupado.

- A Bella? Vocês viram a Bella? – perguntou ofegante. Mandei-o sentar, não queria que ele atraísse atenção para a nossa mesa. Eu intuía que algo de grave tinha acontecido.

- Não. – respondeu de imediato a Rose, e depois contou acerca da mensagem do Emmet.

- Será que aconteceu algo? Uma emergência familiar ou assim? Quando cheguei à sala não havia sinais dela, ainda fiquei há espera um bom bocado, mas nada dela aparecer. – disse nervoso, enquanto mexia no cabelo.

Eu analisava atentamente a cena, numa mesa perto da nossa percebi o olhar de Mike na nossa direcção e descortinei o cinismo que nele existia. A Bella já me tinha falado a respeito das piadas e insinuações dele para cima dela, e algo me dizia que ele estava metido no que quer que tenha acontecido. O Edward estava transtornado, eu nunca tinha visto o meu irmão assim, desde que a Bella entrou na vida dele, ele tinha mudado tanto… E ele amava-a tanto, chegava a ser desesperado de tão intenso.

Continuávamos a almoçar, absortos nos nossos pensamentos, até que o Mike veio à nossa mesa.

- Então Cullen, Hale – cumprimentou o meu irmão e o meu namorado – senhoritas – falou para mim e para a Rose. Argh, que tosco! – Sei que já vos felicitei pela vitória de sexta, mas quis fazê-lo novamente, o vosso desempenho foi incrível mesmo. – falou com deboche. Depois do Jasper e do Edward resmungarem um obrigado ele deu meia volta e saiu. O Jasper ao meu lado enrijeceu levemente, quase de forma imperceptível, isso continuava a ser um motivo de discórdia entre nós. Mas naquele momento os meus pensamentos nem estavam direccionados para isso, mas sim na expressão do Mike. Eu nunca gostei dele, ele andava frequentemente no grupo do meu Jazz e do Edward, mas eu sentia a aura de inveja que o rodeava, principalmente em relação ao Edward, embora ele fingisse uma amizade em relação a eles eu sabia que na mínima oportunidade ele os apunhalaria pelas costas.

E então, repentinamente, tudo fez sentido, Mike Newton era invejoso mas não era burro, ele sabia que não havia nada no mundo que pudesse afectar mais o Edward, até mesmo destroná-lo, do que a Bella, não havia meio mais eficaz de atingi-lo. Ele certamente tinha sugerido algo sobre as corrdas na presença da Bella.

- Será que aconteceu alguma coisa com os pais dela? Um incêndio em casa? – o Edward não parava com as suas suposições, tentava desesperadamente arranjar uma explicação para o desaparecimento dos irmãos. – Ela simplesmente não responde, o telemóvel está desligado! – continuou.

- Edward, já pensaste na possibilidade da Bella ter descoberto acerca das corridas? – perguntei, cautelosa. Edward congelou, e moveu vagarosamente a cabeça até o seu olhar encontrar o meu. Ele não me respondeu, eu sabia que ele tinha ficado a remoer a minha conjectura. O Edward parecia petrificado, o seu rosto estava absolutamente inexpressivo mas os seus olhos verdes não me enganavam, ele estava a preparar-se para o que aí viria com a Bella. Eu sabia a força do amor dele por ela, que o bem estar e felicidade dela eram a sua prioridade, mas também conhecia suficientemente bem o meu irmão para saber que ele não gostava que lhe pedissem explicações, que o encostassem à parede, que lhe exigissem algo que ele não estivesse disposto a dar ou a ceder, que tentassem obrigá-lo abdicar de algo que prezava. Eu só esperava que a conversa deles não acabasse da pior maneira.

POV Bella Swan

- Foi algo com o Edward Bells? Por favor, diz-me… - o Emmet repetiu. Depois de sair desesperada da aula a primeira coisa que me ocorreu foi ligar para ele. Eu não queria falar com ninguém sobre o que tinha acontecido, mas o abraço do meu irmão era um grande amparo para mim. Acho que ligar para ele foi uma reacção quase instantânea da minha parte, o Emmet sempre me confortou em todos os momentos da minha vida em que eu precisava de um ombro amigo, alguém com quem chorar, desabafar ou só estar perto. O meu mano defendia-me na escola primária quando algum menino era mau comigo, arranjava os meus brinquedos quando eu os partia, zelava o meu sono quando eu tinha medo da trovoada. Mal recebeu o meu pedido de ajuda ele correu para vir ter comigo e agora estávamos os dois no banco de trás do seu jipe, eu encostada no seu peito enquanto ele mexia carinhosamente no meu cabelo. Eu sabia que ele estava curioso para saber o que aconteceu, mas eu não queria falar disso. Além da dor ser demasiado grande para ser exteriorizada em palavras eu não queria envolver o Emm nisto. Eu só queria estar assim, sentir-me protegida, prorrogar a conversa com Edward, esconder-me dos olhares invejosos daquela escola.

- Se ele fez alguma coisa que te magoasse eu, eu… - continuou o Emm.

- Não Emm. – respondi, tentando faze-lo perceber que eu realmente não queria falar disso.

- Mas Bells, falar faz bem, sabias? – por favor Emm, por favor, para de me pressionar, eu repetia mentalmente. – Ele fez ou disse algo que nãos tenha gostado? Tu estavas tão apática, tão transtornada, tão inerte quando eu te encontrei, por favor Bells. Ele não merece que estejas assim, ninguém merece. – Porque é que as pessoas muitas vezes não percebem que simplesmente não é a altura certa para falar e que tocar no assunto só piora as coisas? À medida que o Emmet falava eu sentia-me mais e mais triste, mais vulnerável, até que desabei num choro compulsivo e sufocante.

- Shhhh… - sussurrou no meu ouvido – Vai passar Bells, vai passar, desculpa. – disse, embalando-me no seu colo, como se eu fosse um bebé.

- Eu… é que… Eu só… - tentei balbucionar alguma coisa coerente.

- Shhh Bells, não precisas de dizer nada… Eu vou estar aqui, sempre. – murmurou suavemente, enquanto continuava a afagar os meus cabelos.

Ficamos ali durante toda a hora de almoço. Quando me acalmei disse ao Emmet que podia ir comer alguma coisa que eu ficava bem, mas ele insistiu em não me deixar sozinha. Faltava pouco para tocar para dentro, e eu já estava recomposta, pelo menos o suficiente para não sucumbir a uma crise de choro na frente do Edward.

- Bells, tem a certeza que não prefere ir para casa? Eu vou contigo. – ofereceu Emmet.

- Sim Emmet, eu já estou bem. – respondi, já saindo do carro.

Despedi-me do Emmet depois de lhe assegurar mil vezes que já estava bem, ficando depois de lhe ligar em caso de não ter aula de piscina hoje.

Fiz tempo para chegar à aula depois de toda a gente, inclusive o professor, tentando mais uma vez adiar o confronto com o Edward, outra atitude muito pouco madura da minha parte, eu sei. Quando entrei no ginásio já lá estavam todos, e eu vi de imediato Edward, uma desvantagem de ter chegado atrasada é que todos olharam para mim - fazendo-me enrubescer, eu também sentia os olhos perscrutadores do Edward a queimarem-me, fui até ao treinador Clapp desculpar-me pelo atraso e pedir – leia-se implorar, para que ele me dispensasse da aula. Até que nem foi difícil, ele falou da minha tez pálida – ainda mais do que o costume – e perguntou se eu não queria ir à enfermaria, quando lhe disse que estava mesmo bem ele afirmou que hoje também não ia poder estar durante a sua aula com o Edward, porque como o próximo jogo estava próximo ele ia dedicar-se a treiná-los.

Fui para a bancada e já lá estavam algumas meninas, outras estavam do outro lado do pavilhão a jogar vólei, ao que parece ninguém do sexo feminino faria aula a sério hoje. Os meninos treinaram remates, braçadas, jogadas, estratégias, todos eles mostravam um grande empenho naquilo, mas o Edward, sem qualquer dúvida, destacava-se, não só pela sua graciosidade mas também pela sua habilidade, ou talvez fosse só a minha óptica apaixonada a falar. Ele encarou-me várias vezes, e eu desviava logo o olhar. Eu sabia que não podia fugir muito mais, mas…

Tocou para fora e eu ainda nem me tinha levantado e o Edward já estava á minha beira, todo molhado. Tão sedutor… Ele não me tentou beijar, certamente já tinha notado que algo estava mal.

- Esperas por mim para conversarmos lá fora? – perguntou sério.

- Tudo bem. – respondi. O Edward assentiu e voltou-se, indo para os balneários. Fui lá para fora esperá-lo, para um dos cantos do ginásio, onde geralmente não tinha ninguém. O dia continuava sombrio, as nuvens carregadas anunciando chuva eminente. Eu mexia nervosamente nos meus dedos, não sabia o que dizer quando Edward chegasse, como agir… As palavras de Mike Newton assaltavam a minha mente, trazendo consigo a devastadora angústia.

- E? Não me diga que não sabes que o teu querido Edward é o melhor corredor da cidade? Sabias não sabias gata? Afinal, numa relação não devem existir segredos, estou certo?

Fui tirada das minhas lembranças pela chegada de Edward, que exibia uma expressão fechada, o seu semblante era impenetrável, os seus olhos não revelavam nada.

- Então Bella – iniciou – Será que me podias dizer porque é que simplesmente decidiste desaparecer? Porque é que me deixaste feito idiota há tua espera na porta da sala por mais de meia hora? Porque é que desligaste o telemóvel, pouco te importando se eu estava ou não preocupado? Porque é que depois apareceste aqui como se nada tivesse acontecido? – o tom de voz do Edward aumentava gradativamente, à medida que ele falava. Ele parecia estar a fazer um esforço hercúleo para não desatar aos gritos, eu podia discernir isso por baixo da sua expressão falsamente controlado. Mas afinal porque é que ele estava tão revoltado? Não tinha sido eu a enganada? O alvo de gozo? Afinal de contas todos sabiam o que ele fazia, à excepção de mim, a namorada dele! Eu podia sentir a raiva a começar a fervilhar em mim também.

- Tens a certeza que o idiota da história és tu Edward? – rebati – A idiota aqui sou eu, que fui a última a saber que o meu namorado é o “rei da velocidade”! – disparei. Analisei atentamente a face do Edward, à espera de qualquer indício de que ele tivesse afectado com a revelação, mas a sua expressão dura permaneceu.

- Então é isso? Como é que ficaste a saber? – demandou, com uma voz neutra, que eu pressentia abafar uma ira desmedida.

- Isso não importa Edward! Não importa! – barafustei – Sabes o que importa!? O que importa é que tu escondeste isso de mim! Tu não me contaste algo que ao que parece é tão importante na tua vida! – continuei descontrolada, eu já não media o que dizia, eu só tentava pôr cá para for toda a dor que tinha dentro de mim, esperava que as palavras duras levassem consigo todo o mal estar que eu sentia, que pudessem fazer o Edward ver o quão magoada eu estava, eu sabia que falar as coisas sem pensar, de cabeça quente, trazia consequências, e já podia prever que ambos diríamos algo um ao outro que mais tarde nos iríamos arrepender, mas mesmo sabendo isso eu não consegui refrear o que dizia, a cólera é que me comandava – Tens noção do quanto te arriscas quando vais brincar aos corredores, tens!? Já pensaste que a qualquer momento uma manobra mal calculada pode custar a tua vida!? – revelei os meus maiores medos, só de pensar que uma coisa dessas podia acontecer o meu coração perdia uma batida – Não! Não tens noção! E sabes porquê!? – continuei, com toda a minha fúria – Porque não passas de um filhinho da mamã! Um riquinho que quer mostrar o quão corajoso é! – mal acabei de proferir estas palavras eu sabia que tinha ido longe demais, que tinha exagerado, sabia que tinha atingido o Edward.

- É bom saber o que pensas de mim, Isabella! – disse, com a voz carregada de rancor, e eu já podia prever que o que ele diria a seguir me ia magoar profundamente – Já que estamos numa de sinceridade, será que eu também posso dizer o que penso a teu respeito? – soltou uma gargalhada, que tinha tudo menos humor. – Tu és tão certinha que se torna uma seca! Tu não arriscas, vives confinada por regras e mais regras! Se disserem que é errado tu não fazes, por mais vontade que tenhas! Às vezes ainda pergunto a mim mesmo o que vi numa sem sal como tu! – concluiu, e eu pude ver o choque nos seus próprios olhos, talvez nem ele contasse dizer aquilo, era como ele quisesse recolher as próprias palavras. – Bella, eu… - tentou falar.

- Não Edward, acho que já dissemos demais um ao outro por hoje, a sem sal aqui vai embora. – proferi, num modo quase automático, enquanto sentia a maldita dor explodir em todo o meu ser. Saí apressadamente dali, remoendo tudo o que tínhamos dito um ao outro. Eu não sabia para onde estava a ir, a única coisa que a minha mente processava no momento eram as palavras de Edward.

Tu és tão certinha que te tornas uma seca! Às vezes ainda pergunto a mim mesmo o que vi numa sem sal como tu!

Sentei-me na berma da estrada, as lágrimas fluíam abundantemente pelo meu rosto, sendo levadas pela chuva que já caía. Eu não conseguir acreditar que tinha discutido assim com o Edward! Fugi durante todo o dia dele para que quando conversássemos fosse com calma e tudo o que consegui foi uma intensa discussão. Eu sabia que não estava isenta de culpa, afinal de contas eu é que tinha começado com as acusações, o Edward só retrucou. Eu sentia-me profundamente magoada com tudo o que ele disse, mas será que eu não o tinha magoado na mesma medida com tudo o que eu falei? Merda! Eu amava-o tanto, tanto. Não ia deitar tudo a perder por causa disto! Não ia deixar que tudo o que já vivemos me fugisse por entre os dedos assim! Eu sabia que ainda teríamos que voltar a este assunto mais tarde, mas tudo o que eu queria agora, de forma arrebatada, era ficar bem com o Edward. Sem me preocupar com a forte chuva que desabava desabei a correr em direcção a onde estava anteriormente com o Edward, só esperava que ele ainda estivesse por lá, ou pelo menos nas redondezas. Felizmente ele estava lá, todo ensopado, com a cabeça encostada na parede.

- Edwaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaard! – gritei, quando já estava bem perto dele.

A minha voz pareceu despertá-lo, ele virou-se de imediato da minha direcção e eu, sem pensar bem no que estava a fazer, saltei para o colo dele. O Edward segurou-me logo, colocando as mãos nas minhas costas. O beijo era carregado de paixão, como se quiséssemos através dele esquecer tudo o que dissemos um ao outro naquela maldita discussão. Ele beijava-me sofregamente, e eu retribuía da mesma maneira, a chuva não nos incomodava minimamente.

- Feiticeira. – murmurou entre os beijos. Ele nem me deu tempo de responder, capturou novamente os meus lábios, com a sua boca faminta.

- Eu amo-te. – ciciei, quando ele desceu os beijos para o meu pescoço, enquanto nos levava até a parede daquela parte do ginásio.

- Desculpa, desculpa, desculpa. – ele sussurrava, enquanto distribuía beijinhos pelo meu rosto.

- Amo-te. – disse, arquejante, construir uma frase lúcida parecia-me impossível no momento. – Desculpa também.

- Eu também te amo. – disse, ofegante. – Tanto, tanto. – continuou com os beijos devastadores, subindo depois para a minha boca, que esperava ansiosa pela sua.

O tempo passava e nós continuávamos a beijar-nos como se não houvesse amanhã, os beijos cada vez mais devastadores, quentes, consumidores, a chuva parecia isolar-nos do mundo lá fora. O Edward começou a passar as mãos no meu corpo, as coisas estavam cada vez mais e mais intensas, ele acariciava as minhas pernas que estavam enlaçadas na sua cintura, enquanto as minhas mãos agarravam o seu desgrenhado cabelo, agora todo molhado. O Edward subiu a mão que estava na minha perna, enquanto a outra permanecia nas minhas costas, e envolveu o meu seio. Gemi, não sei se surpresa, chocada ou pelo prazer daquela sensação tão boa. Estaquei, embora ele me estivesse a proporcionar um prazer indescritível eu achava que nem o lugar nem o momento eram apropriados. A qualquer altura alguém podia chegar e presenciar os nossos amassos, já para não falar que eu era virgem e não queria perder a virgindade com uma rapidinha num canto meio esquecido da escola. O Edward deve ter percebido que eu estagnei, pois parou de imediato com as carícias.

- Desculpa pequenina, eu só… - interrompi-o, colocando um dedo sobre os seus lábios e dando-lhe um beijo casto, reconciliador.

- Tudo bem Edward, acho melhor irmos se não vamos ficar doentes, não é? – disse, já a sorrir.

Corremos rapidamente para o carro dele e o Edward deixou-me em casa, despedindo-se com um longo e apaixonado beijo. Combinamos falar ainda hoje sobre as corridas, mas ambos com calma e com as ideias bem assentes. Nenhum de nós estava disposto a pôr novamente em risco a nossa relação.


O que acharam?


Twikiss :)

2 comentários:

Joana #14 disse...

Amei! Quero mais...
Beijos,
My Love 14

Ana disse...

Ainda bem que gostaste!

Twikiss :)