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sábado, 4 de junho de 2011

"Lápis nº2" - 7º capítulo, parte 2!


Boas leituras! :D

Capítulo 7, parte 2.

Alice queria desistir de ir ao cinema para fazer uma tarde de filmes (na minha casa, porque os pais dela estavam viajando), mas eu a convenci a manter o plano original. Jasper e Rosalie já tinha se organizado e, além disso, seria mais difícil me distrair em casa. Alice concordou, mas fez questão de que fizéssemos o que eu queria primeiro. Ela sempre pegava calmamente quando eu não estava bem.

Assim, a primeira coisa que fizemos quando chegamos ao shopping foi ir para a livraria. O barulho das páginas sendo viradas nas mesas de leitura e a sensação agradável de estar rodeada pelas estantes de livros me faziam sentir-me protegida e mais calma quase que instantaneamente. Respirei fundo para absorver aquela sensação e me encaminhei para a estante de Literatura Britânica, enquanto Alice ligava para Jasper para explicar onde estávamos. Eu estava tão compenetrada no meu caminho que quase passei batido pelas três pessoas na mesinha de leitura.

- Bella? – ouvi a voz de Jasper me chamando e olhei para trás, parando. Lá estava ele, sentado ao lado de Emmett e Rosalie no sofá de couro preto, com os pés apoiados na mesa.

- Oi, Jasper. – cumprimentei, tentando não olhar para Emmett e Rosalie. Emmett era... amistoso demais, e Rosalie era tão bonita que doía no fundo do ego. Os dois me intimidavam um pouco.

Jasper abriu a boca para perguntar alguma coisa, mas o refrão de Can’t Fight This Feeling começou a tocar dentro do seu bolso. Ele tirou o telemóvel e o atendeu, sem olhar o identificador de chamadas.

- Oi, Lice!

Não consegui deixar de sorrir com a letra da música. Ela realmente encaixava para a história dos dois. Jasper e Alice se odiavam quando se conheceram, mas depois de uma tarde forçados a conviver (planejada por mim, claro) seu relacionamento disparou. Eles eram um dos casais mais fofos que eu já tinha visto.

Jasper trocou algumas palavras com Alice e deu uma risada.

- Olha para trás.

Ele riu de novo e desligou. Dois segundos depois Alice apareceu.

- O que vocês estão fazendo aqui? – ela perguntou, se sentando ao lado de Jasper. – Pensei que nos fosse-mos encontrar na praça de alimentação.

Emmett bufou.

- A gente chegou vinte minutos mais cedo porque o Eddie queria ver uns livros. – ele disse o apelido com irritação e apontou com o polegar por cima do ombro.

Meu corpo todo se virou na direção em que ele apontara e eu dei um passo inconsciente para frente. Meu movimento foi rápido demais e, claro, eu perdi o equilíbrio. A única coisa que me impediu de cair de cara no chão foi o par de mãos que me segurou pelos cotovelos e me colocou de pé.

Eu olhei para cima, já com o rosto corado, e o par de olhos verdes me olhando fizeram meu rosto queimar ainda mais, tanto pela vergonha da minha falta de coordenação quanto pela proximidade entre o meu corpo e o dele.

- Tudo bem, Bella? – Edward perguntou em voz baixa.

- Uhum. – murmurei, incapaz de vocalizar algo mais elaborado.

Ele me olhou de cima a baixo, suas pupilas verdes brilhando e procurando por algum sinal de que eu havia me magoado. Quando concluiu que eu realmente estava bem, ele me afastou e soltou meus braços. Pisquei com força e olhei ao redor. Alice e Rosalie se entreolharam rapidamente e olharam para mim, rindo. Emmett ria e sacudia a cabeça, e Jasper tinha um sorrisinho de lado.

Olhei para baixo, repentinamente com vergonha de todos eles.

Emmett se levantou, se esticando, e disse:

- Agora que já estamos todos aqui, vamos fazer o quê?

Alice olhou de mim para Edward e depois para Rosalie. Eu pude ver o brilho de uma ideia em seus olhos e ela se levantou.

- Tenho uma ideia.

Os outros olharam para ela, inclusive eu e Edward.

- Bella e Edward querem ver livros, eu e Rosalie estamos atrás de roupas e provavelmente Jazz e Em querem...

- Fazer qualquer outra coisa. – respondeu Emmett, com uma risada.

- Eu ia falar “Loja de desporto”, mas serve também. – Alice comentou, e continuou. – Então, a gente se separa e se encontra daqui a, não sei, uma hora?

Olhei para Edward de canto de olho, e desviei rapidamente quando percebi que ele também estava olhando. Eu não me oporia àquela ideia, com certeza não.

Edward acenou com a cabeça e disse:

- Por mim tudo bem.

- Ótimo, então demorou. ‘Bora, Jasper. – disse Emmett, se levantando e se esticando. Rosalie virou os olhos e resmungou algo como “homens” antes de se levantar com Jasper e Alice.

- Qualquer coisa, liga. – ela disse, olhando fundo nos meus olhos, e eu entendi a que coisa ela estava se referindo. Assenti, tentando conter o nó na garganta, e ela passou a mão em meu braço antes de sair com Rosalie.

Eu me virei para Edward.

- Então... – comecei. Ele ergueu os olhos do livro na mesinha e olhou para mim. – Você estava procurando alguma coisa?

Ele deu de ombros.

- Nada em especial. Você quer olhar alguma coisa?

Dei de ombros também, e nós começamos a rodar em silêncio pela livraria. Eu estava morrendo de vontade de perguntar por que ele tinha faltado, mas estava com vergonha. Mordi o lábio, indecisa, e quando estava quase perguntando ele falou:

- Perdi muita coisa hoje?

Pisquei de surpresa e respondi:

- Tivemos prática em dupla em Biologia, mas nada que você não soubesse, aposto.

Ele deu uma risadinha.

- Era o que hoje? Dissecação de planárias?

- Não, diferenciação sexual de lombrigas. – respondi, com uma careta.

- Ah, isso é fácil. – ele comentou. – O macho é maior do que a fêmea, e mais fino.

- Diga isso a Mike Newton. – resmunguei, esperando que ele não ouvisse.

Edward riu e se virou para mim.

- Ele foi sua dupla?

Eu assenti.

- Bom, se eu estivesse lá você não passaria por isso.

Eu me senti corar e tive que reprimir um sorriso. Meu coração batia desesperadamente – Edward tinha realmente dito o que eu achava que ele tinha dito?

Ele deve ter percebido a minha reação, porque ficou em silêncio e olhou para frente, parando de caminhar. Estávamos na frente da estante de Literatura Juvenil, abarrotada de livros da Cecily Von Ziegesar, Meg Cabot e Stephenie Meyer. Edward olhou para mim de rabo de olho, como se esperasse alguma coisa, e eu encarei os livros com certo desânimo. Eu já havia tentado ler Gossip Girl e O Diário da Princesa umas duas vezes, mas eu sempre desistia antes do segundo capítulo. E Crepúsculo eu nunca lera, mas a história simplesmente me parecia viajada demais.

Olhei para Edward, que continuava me olhando como se esperasse alguma coisa. Virei-me totalmente pra ele e perguntei, sem entender:

- Você quer algum livro daqui?

Foi a vez dele de fazer cara de confusão.

- Achei que essa fosse a sua sessão preferida, ou sei lá o que.

- Não mesmo! – respondi um pouco alto, e as pessoas ao redor olharam.

Edward examinou meu rosto com um olhar surpreso e a sombra de um sorriso. Eu olhei para ele, sorrindo também.

- Que foi?

- Nada, só... – ele sacudiu a cabeça. – Nada. Então, para onde?

- Bom, eu estava atrás de Hawthorne. – comentei, com a voz falhando no final. Por alguma razão, eu me sentia meio envergonhada de falar isso. Quer dizer, quantos adolescentes normais lêem Hawthorne? Eu não queria Edward achando que eu fosse estranha ou qualquer coisa assim, mesmo se eu fosse.

Mas, para minha surpresa, ele arqueou as sobrancelhas, arregalou os olhos e falou:

- Se for “A Letra Escarlate”, eu mato você.

Me senti corar e olhei para o lado.

- Ainda dá tempo de correr? – perguntei, e Edward deu um risinho. – Agora, sério, por que isso?

- Porque você deveria ter lido três anos atrás de me contado.

Olhei para ele com cara de interrogação.

- Tem três anos que eu procuro alguém que tenha lido direito e esteja a fim de comentar comigo. – ele explicou.

- Por “ler direito” você quer dizer prestar atenção ao simbolismo do livro?

- De que outra forma se lê Hawthorne? – Edward perguntou com um risinho de lado. – Então, literatura britânica, né?

Eu assenti e nós recomeçamos a caminhar, mas no meio do caminho ele parou e se virou para mim.

- Sabe, eu tenho esse livro em casa. Posso te emprestar, se você prometer cuidar direitinho dele.

- Abrir menos de quarenta e cinco graus, não marcar as páginas com as orelhas e segurar pelas bordas é o suficiente? – perguntei. Edward arregalou os olhos de novo.

- Pensei que eu fosse o único obcecado que segurava pelas bordas.

Eu fiz uma careta.

- Nada de digitais nos meus livros, obrigada.

Edward riu.

- Segunda feira eu levo para ti.

Eu agradeci e ele olhou no relógio.

- Melhor a gente ir. Já devem estar esperando a gente.

Tive que fazer um esforço para não parecer surpresa. Já tinha passado uma hora? Edward começou a caminhar na direcção da saída da Livraria e eu o segui.

- Vou ter que voltar aqui de novo. – ele comentou, mais para ele mesmo do que para mim.

- Você estava procurando o quê? – perguntei. Ele continuou olhando para frente quando respondeu.

- O “Morro dos Ventos Uivantes” ou “Jane Eyre”.

- Alguma razão para essa atenção especial às irmãs Brontë?

Dessa vez ele olhou para mim e parou de caminhar. Já estávamos quase na entrada da praça de alimentação.

- Para quem não gosta de Shakespeare, você é até entendida de Literatura Britânica.

Meu rosto queimou quando eu lembrei da cena deprimente do refeitório e tentei gaguejar uma explicação enquanto Edward gargalhava.

- Não é que eu não goste... eu só acho que ele avacalha tudo quando mata todo mundo. Se ninguém fica vivo para se arrepender, não tem tragédia.

Edward sacudiu a cabeça e parou de rir.

- É uma boa observação.

- Eu tenho meus momentos. – respondi, com um sorrisinho. Ele se aproximou do meu rosto, que corou ainda mais, e eu senti meu coração acelerar.

- Você fica bonitinha quando está corada, sabia?

Meus lábios se ergueram em um sorriso involuntário e envergonhando enquanto eu tentava manter o ritmo da respiração. Isso se tornou ainda mais difícil quando ele estendeu o braço timidamente (do meu ponto de vista) e fez menção de tocar eu rosto. Aquilo era inesperado. Parecia que em algum ponto da nossa conversa de hoje alguma coisa tivesse mudado para Edward, como se eu tivesse deixado de ser a rapariga totó da aula de Biologia.

Eu olhei para ele, analisando seu rosto, prestando atenção à forma como seu cabelo se arrepiava num topete discreto na frente, ou como seu lábio superior era fino, bem mais fino que o inferior. Tive vontade de esticar meu pescoço e beijá-lo. Era a primeira vez em toda a minha vida que eu queria beijar um rapaz. Claro, eu já tivera paixonites, mas nenhuma a ponto de me fazer pensar nisso. Esse pensamento me fez corar ainda mais, mas eu não consegui desviar minha atenção de seus lábios.

Sua mão continuava estendida a poucos centímetros do meu rosto, e ele não parecia interessado em recolhê-la ou esticá-la mais. Seus olhos estavam nos meus e seus lábios estavam meio separados, embora ele não dissesse nada. A vontade de aproximar os meus dos dele aumentou e eu tentei respirar fundo para recuperar o controle.

Em silêncio, ainda olhando para mim, Edward ergueu seu braço, e seus dedos se aproximaram do meu rosto...

Mas não chegaram a me tocar, pois Emmett apareceu de lugar nenhum e abraçou Edward pelo pescoço.

- Se não é o meu priminho! Achei que você seria o último a aparecer aqui! – ele deu uma risadinha e olhou para mim. – E aí, Bella, tudo bom?

Tudo bom? Eu pensei a respeito. Dois segundos atrás, eu estava tendo um momento. Eu estava estática e esperançosa, sem falar no descompasso incômodo, mas prazeroso nas batidas do meu coração. E agora, graças a interferência dessa criatura que me perguntava se eu estava bem, meu momento nunca seria completo.

É, Emmett, eu estava ótima. Optimamente frustrada.

Senti algumas lágrimas de revolta surgirem em meus olhos e tentei fingir que estava só lacrimejando. Ao invés de informar detalhadamente a Emmett como e porque eu estava, eu apenas respondi:

- Estou óptima.

Olhei de soslaio para Edward. Ele não parecia incomodado com a interrupção de seu primo. De facto, estava conversando animadamente com ele sobre alguma coisa. Rosalie passou por mim com um sorriso e nós fomos andando por entre as mesas até encontrar Jasper e Alice. Ela piscou para mim quando me viu e apontou com a cabeça para dois acentos vazios ao lado de Jasper. Rosalie se sentou ao lado dela na mesa redonda e Emmett se sentou ao seu lado. Edward e eu ocupamos as cadeiras restantes.

Rosalie cochichou algo para Alice e as duas tiveram um acesso de risadinhas olhando para mim, o que me deixou com um pé atrás.

- Então, Edward - Alice perguntou depois que seu acesso de riso acabou, interrompendo a conversa de Edward e Emmett. –, por que você não foi hoje?

- Edward Cullen faltou à aula? – disse Emmett, com um choque exagerado. - Vai chover canivetes!

Edward deu um empurrão em Emmett e se virou para Alice.

- Eu fui hoje! Só que eu passei a manhã inteira terminando um relatório que alguém não me deixou terminar – ele olhou para Alice e ela deu uma risadinha culpada. – Só para descobrir que o professor do último horário faltou e eu tenho até quarta que vem para entregar.

A mesa inteira riu da situação e eu olhei ao redor. Não havia com o que eu me preocupar. Apesar de eu ter tentado me distrair, a preocupação com minha mãe estivera em minha mente o dia inteiro, e só agora eu conseguia relaxar. A sensação de estar ali, com minha melhor amiga e com Edward, todos rindo animadamente, era contagiante, e eu estava certa de uma coisa: o que quer que acontecesse, eles estariam lá pra me apoiar.


Twikiss :)

"Lápis nº2" - 7º capítulo, parte 1!


Boas leituras ;)

Capítulo 7, 1ª parte.

A pior parte da detenção só aconteceu depois que eu cheguei em casa: ver o desapontamento e o choque no rosto de Charlie quando ele assinou minha ocorrência e me perguntou como tinha sido a detenção. Eu preferia que ele tivesse gritado comigo e me deixado um mês de castigo; pelo menos a culpa seria menor.

Será que o pai de Edward tinha reagido assim também? Ou ele tinha gritado? Ou será que ele não dissera nada, porque já tinha falado tudo o que precisava pelo telefone? Eu não conseguia para de pensar em Edward e em como seu pai estaria reagindo.

Na verdade, eu não conseguia parar de pensar em Edward, ponto.

Eu estava ficando mais convicta de que Edward não gostava de Alice, por alguma estranha razão. As coisas pareciam estar certas pensando desse jeito, apesar de que não se encaixavam. Por que então ele estava nos olhando esquisito na mesa? E por que ele tinha comentado que tinha inveja de mim na detenção, e o motivo era Alice?

Isso era demais para minha cabeça. Eu preferia pensar nas coisas de uma forma leve que me deixava feliz em relação a Edward, como o jeito como ele era cavalheiro, as voltas charmosamente bagunçadas do seu cabelo, ou aquele primeiro dia, em que ele me dera o lápis...

- Bella? Você está bem? – meu pai me chamou, provavelmente notando que eu estava meio fora do ar. Ficar devaneando durante o jantar dava nisso.

- Estou sim, pai, só distraída. – respondi. Charlie resmungou e continuou comendo, mas havia alguma coisa no silêncio dele. Alguma coisa que ele tinha que contar. Resolvi pressioná-lo. – Você está bem, pai?

Ele me olhou surpreso, como se tentando entender como eu descobrira. Eu vivia com meu pai havia dez anos; isso era tempo o bastante para conseguir lê-lo. Eu devolvi o olhar e ele suspirou, pousando o garfo no prato.

- Sua mãe ligou-me enquanto você estava na detenção.

Meus músculos se enrijeceram ligeiramente.

- E o que ela queria?

- Só falar com você. – pelo tom de voz, Charlie parecia estar tentando me acalmar. Ou seja: alguma coisa estava errada aí.

- Ah, é? – perguntei, pousando meu garfo na beirada do prato. – Sabe sobre o que ela queria falar?

- Acho que... – Charlie pigarreou. Mau sinal. - ela quer que você passe o próximo fim de semana na casa dela.

Ergui a sobrancelha e fiz uma conta rápida mentalmente. Aquele fim de semana já era de Reneé, por que ela estava me pedindo para ir lá? A resposta era óbvia: alguma coisa estava errada, e ela queria me contar devagar.

Charlie estava me olhando de forma preocupada, então eu fiz o possível para controlar minha expressão. Levantei a outra sobrancelha, fiz uma cara de ligeira indiferença e peguei o garfo de novo.

- Vou ligar para ela depois. – olhei para o prato, sem muita vontade de comer. – Acho que já terminei.

Me levantei, levei meu prato para a pia e fui para o meu quarto, tentando não pensar naquilo. O que quer que minha mãe tivesse que me contar, ela me contaria na semana seguinte. Me sentei na cama, peguei o telefone e comecei a discar o número da minha mãe, mas não terminei. Não era uma boa ideia ligar para ela agora. Eu provavelmente iria me descontrolar e fazê-la contar-me por telefone.

Joguei o aparelho na mesa de cabeceira e me deitei na cama, sem vontade de fazer nada. Já era tarde da noite – Charlie havia demorado a chegar em casa – e o dia havia sido estressante, com a história de detenção e agora com isso da minha mãe. Torci o pescoço para olhar o relógio: nove e trinta e sete.

Suspirando, arrastei-me da cama e fui até o banheiro para tomar um banho quente e relaxante. Arrastei-me de volta para o quarto quando terminei e me joguei na cama, mergulhando satisfeita na inconsciência em poucos minutos.

Acordar no dia seguinte não foi fácil, mas poderia ter sido mais difícil. O primeiro pensamento que me ocorreu quando o despertador tocou foi “porcaria de despertador do inferno”. O segundo foi “seca, hoje tenho Biologia”. E o terceiro foi “Pera, Edward está na minha sala de Biologia!”.

Depois disso, saltar da cama e me vestir apressada foi fácil. Tomei meu café correndo e esperei por Alice na porta. Às sextas-feiras ela dava-me boleia para a escola, porque íamos direto para o shopping depois da aula. Não que eu (ou Charlie) achasse que esse fosse um bom hábito, mas era Alice.

Ela chegou na hora de sempre e eu pulei para o carro com um sorriso meio abobalhado, que ela não deixou de notar.

- Alguém está de bom humor hoje. – ela comentou enquanto dava partida. – Parece que a detenção te fez bem.

- É, acho que sim. – respondi, ainda sorrindo, e não consegui ouvir seu próximo comentário, porque comecei a devanear sobre a aula de Biologia. Teríamos prática em dupla hoje, e eu tinha a desculpa perfeita para chamar Edward – eu era uma negação em Biologia. De repente ele...

- Bella, estás-me a ouvir? – Alice chamou de repente, me olhando com a sobrancelha arqueada.

- Oi? Estou, estou sim! –me apressei em responder, fazendo um esforço para me lembrar do assunto, mas sem sucesso.

- Então você não importa, não é?

- Han... – respondi, mordendo o lábio. Eu nem sabia com o que eu não me importava.

Alice estreitou os olhos.

- Sabia que você não estava ouvindo! – eu suspirei e Alice continuou. – Enfim, chamei Jazz e Rose para irem ao shopping com a gente. Você não se importa, certo?

- Não, claro que não. – respondi, e depois parei para pensar no assunto. Se Rosalie fosse com a gente, Alice teria alguém em quem descarregar sua obsessão por compras – alguém que corresponderia – e eu não ia ter que servir de boneca. Além disso, ainda tinha Jasper para distraí-la de sua obsessão. Realmente não era má ideia os dois nos acompanharem.

Entramos no estacionamento da escola, e eu não consegui me impedir de procurar Edward. Virei minha cabeça para todos os lados, mas não o encontrei em lugar algum, então me arrastei infeliz para meu primeiro horário, esperando que este e o próximo passassem rápido para o terceiro horário chegar.

Eles realmente passaram num borrão, mas de nada adiantou: Edward também não estava na aula de Biologia. Eu cheguei dez minutos mais cedo à sala e a cada vez que um aluno abria a porta eu prendia a respiração, para soltá-la logo em seguida ao ver que não era ele. Por fim, o professor entrou e fechou a porta, começando a aula, e Edward não chegou.

Acabei fazendo dupla com Mike Newton, que se sentara ao meu lado e conseguia se confundir mais do que eu com os dois espécimes de lombrigas no microscópio. Eu podia sentir as olhadas furiosas de Jessica Stanley em minha nuca.

Não havia sentido esperar que Edward estivesse no almoço, mas mesmo assim eu não consegui me impedir de procurá-lo quando cheguei ao refeitório. Ele não estava em lugar algum, claro, e eu fui pegar o meu almoço frustrada.

Alice chegou depois de mim, parecendo estar tendo um dia normal. Ela começou a falar animadamente sobre o que ela e Jasper pretendiam fazer nas férias, mas parou quando viu minha expressão desanimada.

- Que foi, Bella? – Alice perguntou, me olhando. Eu corei ao pensar na resposta; estava ficando obcecada demais.

- Você viu Edward hoje?

Alice soltou um risinho quando eu falei e seu tom de voz quando me respondeu era mais calmo.

- Não, não vi. O que é estranho, porque o armário dele é perto do meu.

Como é que é?

- Como assim, o armário dele é perto do seu? – perguntei, um pouco alto demais. – Por que você nunca comentou isso?

Alice riu da minha exaltação.

- Nunca surgiu oportunidade!

Rolei meus olhos e mordi o lábio. Então ele realmente não tinha vindo – porquê?

- Me pergunto por que ele estaria faltando. – Alice resmungou, e eu concordei com a cabeça, tentando me lembrar de ele ter dito alguma coisa sobre faltar à aula. Ele tinha um trabalho para entregar hoje (pelo menos ele disse que tinha), então era estranho que ele faltasse.

Olhei ao redor mais uma vez, só para ter certeza de que ele não estava ali.

- Sabe, eu te liguei ontem pra perguntar como foi a detenção, mas Charlie disse que você estava estudando. – Alice começou, com um tom de cobrança. Eu olhei para ela de novo, suas palavras repentinamente me lembrando de um assunto que eu não queria lembrar.

- Ele deve ter engolido o recado. – respondi, controlando a voz e tentando empurrar os pensamentos para longe antes que Alice percebesse.

Mas era Alice, minha melhor amiga durante dez anos, então isso era uma tarefa impossível.

- Está tudo bem, Bella? – ela perguntou, com a voz mais preocupada do que antes. Eu sacudi a cabeça afirmativamente, mas ela continuou me olhando. – Anda, Bella, desembucha.

Eu olhei para ela, indecisa. Seus olhos mostravam preocupação e carinho, e eu suspirei. Não queria preocupar Alice.

- Minha mãe me ligou ontem. – contei, por fim. Alice ergueu as sobrancelhas.

- O que ela queria?

Repeti o que Charlie me disse para Alice, e falei sobre a minha preocupação. Alice arredou sua cadeira para mais perto da minha e segurou minha mão.

- Não deve ser nada, Bella. – ela falou, num tom reconfortante. Minha garganta fechou.

- Da outra vez que ela me telefonou, foi algo muito sério. – respondi, com a voz fraca, e meus olhos ficaram molhados quando falei a próxima frase. – Foi pra me contar que ela estava doente. E se tiver piorado muito agora?

Minha mãe tinha uma doença rara no sangue, que iria evoluir cada vez mais. Ela descobrira isso havia dez anos e garantira que, fora ela, Phil e Charlie, eu fosse a primeira pessoa a saber.

Eu estava passando o fim de semana com Charlie, como era de costume. Meus pais haviam se separado quando eu tinha quatro anos, e eu fora morar com minha mãe. Quando eu tinha sete, a mãe casou-se de novo com Phil, um ex-jogador de beisebol que interrompeu sua carreira quando rompeu o ligamento do ombro pela terceira vez. Agora ele trabalhava num jornal local, escrevendo a coluna do desporto. Phil era óptimo para minha mãe, e isso era o bastante para mim, apesar de ele sempre tentar ser um bom padrasto.

Eu estava ajudando meu pai com o almoço quando o telefone tocou. Talvez seja estranho uma criança de sete anos ajudando na cozinha, mas tudo o que eu tinha que fazer era tirar a lasanha do pacote e colocar no micro-ondas. Meu pai sempre destruía um pedaço da comida para tirar do pacote, e eu estava mostrando a ele como fazer isso de forma civilizada.

Ele resmungou alguma coisa sobre comida congelada e foi atender o telefone, enquanto eu terminava o processo sozinha. Dois minutos depois, ele me chamou, dizendo que o telefone era para mim. A minha mãe perguntou-me se eu queria ir ao cinema à noite, e eu aceitei satisfeita. Cinema com ela e Phil era sempre óptimo.

Só comecei a me preocupar quando eles insistiram em me comprar um urso de peluche, depois de passarem o dia a comprarem-me gelados. Nessa hora, bati o pé e insisti que eles me contassem o que estava acontecendo. Minha mãe me levou para casa, dizendo que me contaria lá. Lembro-me até hoje de cada palavra que ela disse, e a lembrança ainda me faz chorar.

- Bella, querida... – ela começara, se abaixando na minha frente até ficar com o rosto na altura do meu. Ela fez uma pausa, suspirou e me abraçou. – Eu te amo muito, está? Nunca se esqueça disso.

Eu a abracei de volta, sem entender. Quando ela me soltou, seus olhos estavam molhados de lágrimas, e isso me deu vontade de chorar também, mesmo sem saber porquê. Minha mãe sorriu tristemente, secando meu rosto com a mão, e me disse para não chorar.

Suas palavras seguintes me deixaram completamente sem chão.

- Eu fui ao médico outro dia para olhar aquelas coisas que estavam acontecendo comigo – aquelas coisas eram desmaios que ela estava tendo – e ele pediu um exame, e o resultado chegou a semana passada.

Ela fez uma pausa e eu prendi a respiração, nervosa.

- De acordo com o exame – ela recomeçou -, algumas células do meu sangue não funcionam direito, e isso atrapalha o funcionamento de todo o meu corpo. Por isso eu estava passando mal.

- Mas você vai ficar bem? – perguntei, e lembro que seus olhos se encheram de lágrimas.

- É provável. – ela respondeu, e segurou minhas mãos com as dela. – Mas eu vou ter que fazer vários tratamentos para isso. E por isso...

Ela fez uma pausa e olhou para Phil, que estivera parado na porta durante a conversa, pedindo ajuda. Phil se aproximou de nós e pôs a mão em seu ombro.

- Nós achamos que será melhor para você passar um tempo com o seu pai. – ele continuou por ela. Eu olhei para Phil, e por um momento fiquei com raiva dele, considerando que ele estava tentando me afastar da minha mãe. Mas isso durou pouco, e eu logo entendi que eles não queriam que eu tivesse que passar pela confusão dos cuidados médicos de minha mãe, nem pela agonia da ver a doença enfraquecendo-a com o tempo.

Assenti, fazendo esforço para conter minhas lágrimas, e minha mãe me abraçou. Duas semanas depois, eu estava me mudando para a casa de Charlie.

Só percebi que meus olhos estavam cheios de lágrimas quando uma delas escorreu pela minha bochecha. Eu funguei, nervosa por estar chorando no meio do refeitório, e Alice apertou minha mão novamente..

- Bella. – ela me chamou, e eu ergui os olhos. Alice me olhou com o mesmo olhar de carinho que me olhara antes. – Eu estou aqui com você, está bem? Sempre vou estar.

Eu não conseguia agradecer, apenas pisquei com força e limpei a lágrima com as costas da mão enquanto ela passava o braço pelo meu ombro e me abraçava.


Twikiss :)

"Lápis nº2" - 6º capítulo!


Mais um capítulo da "Lápis nº2"! Boas leituras :)

Capítulo 6

- Detenção?! – a voz de Charlie era incrédula quando eu contei para ele durante o almoço.

- É. E já que estamos falando disso... – tomei fôlego para terminar de contar a notícia. – Você vai ter que assinar uma ocorrência quando eu chegar em casa.

- Ocorrência?! – mais uma vez, o tom incrédulo.

- É, eu... esqueci um trabalho de casa.

Mordi o lábio quando ouvi Charlie respirar fundo. Lá vinha coisa.

- Bella, eu fico muito feliz que você tenha feito novos amigos e esteja saindo mais de casa. Mas se isso estiver te atrapalhando na escola, vou ter que parar isso. Formar-se ainda é a sua prioridade na vida, certo?

- É, pai! – eu afirmei, surpresa com a pergunta. – Foi só um deslize. Até o mais forte de nós cai do galho, não é?

Ele pareceu aliviado com o meu tom veemente e me desejou boas aulas antes de desligar. Suspirei e guardei o telefone no bolso. Poderia ter sido bem pior.

- Ele foi até rápido, não? – perguntou Alice, ecoando meus pensamentos. Eu olhei para ela, que segurava uma batata frita e a balançava de um lado para o outro, e tentei controlar a raiva irracional que eu estava começando a sentir dela. “Não é culpa de Alice eu estar de detenção”, eu ficava repetindo para mim mesma, mas uma vozinha irritante me dizia que, se não fosse por ela, Edward não teria me mandado o bilhete pecaminoso.

Olhei para a mesa dele por cima do ombro quando me lembrei de que ele também teria que falar com o pai. Pelo visto sua situação era pior do que a minha: ele tinha começado a ligação antes de mim e ainda estava no telefone. Sua mão voava pelo cabelo já desgrenhado – toda vez que fazia isso, parecia nervoso – e ele respirava pesadamente, ou assim parecia pelo modo como seus ombros balançavam.

Voltei os olhos para o meu prato. Fim do assunto Edward. Depois da aula de Espanhol, eu fiz o possível para parar de pensar nele. Ele que mandasse seus bilhetes sobre Alice para outra pessoa, eu nem queria mais saber.

Alice percebeu meu humor.

- Bella, uma detenção não é motivo para essa cara fechada.

- É sim. – respondi, fechando ainda mais a cara. Não que o motivo fosse apenas a detenção, mas ela não precisava saber de tudo. – Vai para o meu histórico, sabias?

Alice revirou os olhos.

- Isso corta Harvard e Yale, mas Princeton ainda está dentro, não?

Foi a minha vez de revirar os olhos.

- Como se eu fosse entrar em alguma dessas.

- Você tem muito mais chance do que eu, com meu histórico cheio de deveres não feitos.

- Pede os nerds para corrigirem para você. – sugeri, com um sorriso de deboche. Alice me deu a língua e riu, atirando a batata em minha direção. Eu soltei uma risada e me abaixei para me esquivar. Quando me levantei de novo, um par de olhos verdes atrás de Alice chamou minha atenção.

Edward estava olhando para nós, com uma expressão estranha. Olhei para ele por um curto espaço de tempo, acenei com a cabeça e voltei os olhos para minha bandeja de comida de novo. Alice ainda estava rindo, e eu dei um sorrisinho fraco para ela.

O resto do dia passou como um borrão. Cada vez que eu olhava para o relógio ele parecia ter saltado vinte minutos, apesar dos meus esforços mentais inúteis para que ele andasse mais devagar. Infelizmente (e eu nunca pensei que fosse dizer isso), a última aula do dia chegou ao fim. Arrastei-me para fora da sala, acenando tristemente para Angela, que saía para aproveitar sua liberdade, e procurei a sala de detenção. Pelo que a Sra. Goff me explicara, a sala era perto da sala dos professores, mas numa parte da escola a que eu nunca havia ido.

Encontrei a sala por fim, e tive certeza disso quando vi Edward parado à porta, de olhos fechados e respirando fundo. Caminhei até o seu lado.

- Oi, Edward.

Ele deu um pulo para trás, todo o seu corpo estremecendo, e olhou para mim com olhos arregalados.

- Nunca mais faça isso.

Soltei um risinho nervoso e cruzei os braços enquanto observava-o passar as mãos pelo cabelo, visivelmente nervoso.

- A preparar-se para entrar?

- Com certeza. É aterrorizante. – ele respondeu, expirando pesadamente

Eu concordei.

- Requer coragem.

Edward olhou para mim e riu de lado. Não consegui acreditar, mas, mesmo já acelerado pela situação aterrorizante, meu coração conseguiu bater em um ritmo diferente por causa do sorriso. Demorei a perceber que Edward parecia achar graça em alguma coisa.

- O que foi?

- Nós somos ridículos. Dois nerds com medo de entrar na detenção.

Eu sabia que era estúpido, eu sabia que não era um bom motivo, mas o jeito como ele dissera “nós” mandara uma corrente elétrica pela minha coluna, me deixando arrepiada. Era exagero, mas me fazia imaginar nós dois juntos. Mas eu sabia que não ia passar disso – imaginação. Eu tinha motivos para ter certeza disso, e sabia que era melhor não deixar minhas expectativas subirem demais.

- Nos vestimos bem demais para sermos nerds, de acordo com Alice. – respondi ao seu comentário com um pouco de azedume demais. Edward juntou as sobrancelhas, franziu os lábios e deixou um nome escapar entre eles.

- Alice...

Seus dedos correram pelo seu cabelo de novo e o silêncio que se seguiu era carregado de tensão. Ele se virou e olhou para mim de novo, fazendo meu coração estúpido voltar a bater depressa.

- Bella... – ele começou, levando a mão à nuca. Meu coração deu um salto por causa do jeito como ele disse meu nome. Coração estúpido. – Vamos fazer isso juntos, ok?

Mais uma vez, suas palavras fizeram minha mente se encher de imagens, e eu tive que me concentrar para entender do que ele estava falando.

- Q-que?

- Vamos... entrar na sala juntos. – ele sugeriu, e então um sorriso brincou em seus lábios. - E de cabeça erguida, afinal nós somos dois encrenqueiros que foram mandados para a detenção.

O sorriso dele, apesar de ter um toque de nervosismo, era de divertido e convidava a relaxar. Mas eu não queria me arriscar, me deixando levar por seus sorrisos irresistíveis, então apenas concordei com a cabeça. Edward ergueu as sobrancelhas, seu sorriso caindo, e abriu a porta.

- Sr. Cullen, Srta. Swan. – disse uma mulher ruiva sentada atrás da mesa do professor, com o pescoço torcido para olhar para nós. – Finalmente resolveram se juntar a nós.

Edward entrou na sala e eu o segui, fechando a porta atrás de nós. A plaquinha na mesa do professor dizia que a mulher era a Srta. Stroup. Eu a conhecia apenas de nome: ela era a professora de Francês da escola.

Examinei a sala com o olhar. No quadro, estavam escritas as regras da detenção: “Nada de conversas, nada de aparelhos de música, nada de telemóveis”. Do lado esquerdo havia uma foto enorme da capa de “Crime e Castigo”, de Jane Austen. Do outro lado, um cartaz escrito “não cometa o crime se não pode pagar o preço”. Conveniente para uma sala de detenção. Virei o rosto e olhei e olhei para as carteiras. Metade estava ocupada, metade estava vazia. A maior parte das vazias era na frente.

Edward cutucou meu cotovelo e apontou para a mesa da Srta. Stroup. Havia um papel para eu assinar em cima da mesa. Escrevi meu nome nos meus garranchos embaixo da letra caprichada de Edward e me sentei na cadeira ao seu lado.

Ele abriu a boca para me chamar, mas a Srta. Stroup falou antes dele.

- Primeira frase no quadro, Sr. Cullen.

Olhei para ela com olhos arregalados. Ela nem estava olhando para nós!

Alguns rapazes atrás de nós soltaram risadinhas e Edward suspirou. Pelo visto, tudo o que eu tinha a fazer era encarar a decoração. Ou o meu dever de casa, mas eu não estava com humor para trigonometria. Suspirei também e tentei me distrair procurando padrões nos desenhos aleatórios da mesa de madeira.

Depois de quinze minutos de tédio total e absoluto, a Srta. Stroup se levantou.

- Muito bem, rapazes... e rapariga. – ela acrescentou, olhando para mim, e eu percebi corando que era a única rapariga ali. - Eu tenho que dar um pulo na sala dos professores. Fiquem quietinhos que eu já volto, tudo bem?

Ela nos olhou severamente, murmurou “até parece” e saiu da sala.

Foi automático: a porta se fechou e a sala se tornou outra. Edward relaxou da postura tensa, eu escorreguei na cadeira e os meninos atrás de nós começaram a conversar. Um deles eu conhecia: Tyler, que fazia Educação Física comigo. Os outros, eu nunca tinha visto na vida.

- Isabella Swan! – Tyler chamou me chamou, com um sorrisinho irônico nos lábios. – Resolveu se revelar?

Eu dei um risinho sem graça, nem um pouco afim de manter um diálogo com ele. Ele insistiu.

- Não, sério. O que você fez?

Suspirei, tentando achar paciência, e abrigar a boca para responder, mas Edward foi mais rápido.

- Culpa minha. Mandei um bilhete pra ela na aula da Sra. Goff.

Tyler olhou para ele com uma cara de desagrado.

- Uuh, Sra. Goff e bilhetes não combinam. – respondeu um cara de cabelo castanho atrás de Tyler, rindo e balançando a cabeça. – É melhor sussurrar mesmo. Acho que a velha fica curiosa com bilhetes.

Os rapazes atrás deles riram e Edward esboçou um sorriso. Eu revirei os olhos. Eles começaram a discutir os motivos para estarem lá e a disputar quem tinha feito o mais “arriscado”. Eu me virei para frente de novo, tentando ignorar a conversa. Fechei os olhos, deitei sobre a mesa e apoiei o queixo nas mãos.

Ergui o rosto de novo apenas quando senti um toque no cotovelo, e me deparei com o rosto de Edward me encarando. Mais uma vez, o estúpido batimento acelerado. Eu ergui o tronco da mesa e me estiquei.

- Bella, está tudo bem? – Edward perguntou, num tom baixo para que os meninos atrás de nós não ouvissem. Eu precisei pensar para responder

- Fora a detenção, eu estou bem. – respondi, um pouco amarga. Pensei que ele fosse rir do meu tom, mas ele continuou sério.

- Não é tão ruim quanto eu pensei que fosse.

Revirei os olhos de novo.

- Realmente, você parecia estar com uma cara mais desanimada no almoço.

Ele fez uma careta, e eu me arrependi pela minha aspereza. Estar na detenção não era exatamente o melhor do meu dia, e ver Edward todo alegrinho conversando com os rapazes não me ajudava. Por alguma razão, eu não gostava disso. Mas não era culpa dele eu estar mal-humorada.

- É, meu pai pegou pesado. – Edward esclareceu, ainda fazendo careta.

- Por isso você estava com aquela cara? – perguntei. Um brilho de surpresa perpassou seus olhos.

- Não, isso foi por outra coisa... – Ele pareceu fazer esforço para encontrar as palavras. – Às vezes eu meio que... invejo você.

- Porquê?! – perguntei, um pouco mais alto do que a altura em que estávamos conversando. Os rapazes se limitaram a olhar de rabo de olho para nós e continuaram sua própria conversa.

Edward passou a mão pelo cabelo uma vez e respirou fundo. Ele não precisou dizer pra eu saber o motivo.

- Alice. – verbalizei por ele, rolando os olhos. Edward me olhou de novo, dessa vez com um brilho de intuição nos olhos.

- Aconteceu alguma coisa entre vocês?

Eu olhei para ele de novo, seus olhos verdes brilhando com intensidade como se ele tentasse descobrir alguma coisa nos meus, e tentei manter a coerência.

- Porquê a pergunta?

- Toda vez que você fala o nome dela, sei lá, parece que você engasga. Como se te incomodasse de algum jeito..

Eu não tinha ideia de que Edward era tão perceptivo. Ele continuou me encarando e eu mordi o lábio e olhei para o chão, procurando alguma coisa para dizer.

- Não aconteceu nada. – respondi, um pouco mais áspera do que eu planejava. Edward sussurrou um “tudo bem” e olhou para a mesa. Eu suspirei, arrependida de ter sido grossa com ele.

- Desculpe, Edward.

- Eu não devia ter me metido. – ele respondeu, e deu um sorrisinho de lado. – Sua paciência com ela é admirável.

- Hein?!

Tudo bem, tudo bem, ele usa termos como “admirável” numa frase e minha resposta brilhante é “hein”. Mas o que eu podia fazer? A pergunta era confusa demais pra mim. Edward riu baixo.

- Ela é bem... insistente. E eu nunca te vi estressada com ela.

Não consegui reprimir uma risadinha. Insistente; era um bom jeito de colocar isso.

- Eu a conheço desde que tenho sete anos. Já estou acostumada.

- Acho que eu não agüentaria sem estressar com ela uma ou duas vezes.

Eu pude sentir meus músculos compondo uma careta de confusão, mas foi impossível desfazê-la. Não tinha sentido; Edward gostava de Alice, por que ele estava falando isso? Só se...

Não, nada de subir as expectativas. Nada de inventar possibilidades. Nada de criar oportunidades de se decepcionar. Minha política era essa. Mesmo assim, quando eu pensava que era possível de Edward não gostasse de Alice, eu me sentia tão leve.

Olhei para Edward de novo. Ele não parecia estar tentando esconder nada, nem falando com ironia nem nada. Parecia que ele realmente queria dizer que Alice era irritante. Eu o encarei da mesma forma que ele me encarara antes, como se quisesse descobrir alguma coisa nos meus olhos, e o que eu encontre lá foi o suficiente para me convencer.

Senti o sorriso besta se formar nos meus lábios, mas não consegui impedi-lo. Edward me olhou com uma cara engraçada, como se estivesse achando graça no meu sorriso besta mas não quisesse rir. Ele que risse, eu não ia ligar. Eu ia era rir com ele, me levantar e sair dando piruetas; minha vontade era essa.

Mas claro que eu não fiz isso, porque naquela mesma hora a Srta. Stroup entrou na sala e a conversa teve que cessar. Eu olhei para Edward pelo canto de olho, ainda com o sorriso no rosto, e ele revirou os olhos, como quem dizia: “ok, mais meia hora de tédio”. Meu humor estava tão bom que, por mim, poderia ser mais uma semana inteira: pelo menos eu teria um motivo para ficar perto dele.


P.S. - Então, o que estão a achar da fic?


Twikiss :)